As horas perdidas - Missão narrada para Drake Lovegood e Raven L. Welch

Post nº 1

O Sol estava a pino no acampamento.
O calor obrigara Raven a sair de sua usual calça de moletom para um par de shorts, o que a fazia se sentir extremamente desconfortável.
Sua camisa surrada do Nirvana, dois numeros maiores, tinha a barra em um nó, que irritantemente se desfazia a cada cinco minutos.
Para piorar ainda mais seu mau humor, ela e Drake não se falavam desde a tarde na praia.
Eles acordavam em horários diferentes, ela chamava Quíron ou algum campista para ajudá-lo a se adaptar ao acampamento, depois do café ela ia até a arena e só voltava ao Chalé apenas para tomar banho e dormir.
Ela odiava essa rotina, mas sabia que se os dois voltassem a se falar aquele estranho sentimento que sentiram antes de serem interrompidos pelo "Campista Misterioso", como Raven se referia ao garoto que apareceu segundos antes deles se...
Ela nem conseguia pensar na palavra.
Seus fones tocavam alguma musica aleatória do David Bowe, que ela não fazia questão de prestar atenção no momento. Estava muito ocupada sentindo raiva de si mesma e do mundo. E dos malditos pesadelos.
Ela estava andando até a Arena quando sentiu alguém lhe cutucar. Era uma garota.
"H-Héstia pediu que você e seu irmão a econtrassem no Pavilhão." A desconhecida disse, correndo para longe logo em seguida.
Típico.
Raven sentiu seu estômago embrulhar quando finalmente caiu em si que teria que levar Drake para o refeitório com ela.
E Héstia não poderia ter aparecido em hora pior.
Ela encontrou seu irmão sentado na praia.
Quão irônico.
Ela se aproximou dele, sabia que ele sabia de sua presença ali.
Ela se agaixou, tentando soar tão indiferente quanto possível.
"Hmm, Drake? Héstia quer nos ver.
Ela segurou na mão do irmão afim conduzí-lo pelo acampamento.
Os dois percorreram o caminho em silêncio. Não havia muito o que dizer.
Eles adentraram no Pavilhão e Raven pôde ver de imediato a deusa que os aguardava.

Post nº 2

A preocupação cravada no rosto de Héstia tornava todo e qualquer problema um pouco mais complicado.
Ela não tinha visto muitos deuses em sua vida, mas sabia que se algum deles estava demonstrando tamanho medo a situação deveria ser no mínimo grave.
"Que bom que chegaram, como já perceberão as horas sumiram. Elas pararam. Vocês devem procura-las, tentar descobrir o que houve e convence-las a voltar a trabalhar." A deusa disse sorrindo e lhes entregando um pequeno livro com letras douradas na capa. "Não se preocupem, o livro é em grego. Creio que saibam um pouco de grego, já que a origem de vocês é grega." Ela disse e saiu, dizendo apenas um boa sorte e os deixando nas mãos da própria sorte.
Raven virou-se, olhando para Drake, que parecia confuso devido ao fato de que não vira o que Héstia tinha entregado nas mãos dela.
A garota abriu o pequeno livro ainda, calada. Na capa e na primeira página de seu interior as palavras Μέχρι τις δώδεκα encontravam-se escritas em destaque. Demorou um pouco antes dela conseguir entender o que estava escrito.
As Doze Horas.
Ela não fazia idéia do que deveria procurar ali.
Quase não sabia sobre a mitologia grega, e, para ela, as horas eram relativas.
Mas é claro que não era assim.
Gastou algum tempo lendo o conto das Doze Horas em voz alta, para ela mesma e para seu irmão, e em seguida procurou pela primeira delas.
Auge.
"Onde bulhufas nós vamos achar a primeira luz?" Raven bufou.
Drake permanecia calado, e isso só a deixava mais nervosa.
Aquilo não estava nos seus planos e o gelo que havia se estabelecido entre os dois só piorava tudo.
Ela olhou ao redor do acampamento, seus olhos parando na área dos chalés.
Em um deles mais especificamente.
Chalé 7. Apolo.
"Drake, eu acho que nós deveriamos começar pelo Chalé de Apolo. Não me pergunte porque, eu apenas... Acho que lá seria um bom ponto inicial para a 'luz primordial'."

Post nº 3

Raven e Drake seguiram até a praia.
Algo ainda a atraía para o chalé de Apolo, mas, novamente, tudo que era quente e de fácil combustão tinha o mesmo efeito nela como a luz tinha para com as mariposas.
O silêncio entre os dois era, no mínimo, constrangedor, e ela odiava isso tanto quanto odiava receber uma família somente para ferrar com tudo como sempre fazia.
A medida que se aproximavam da praia, uma luz, cada vez mais forte, emergia rente ao mar. O corpo luminoso começando a tomar forma, tornando-se uma mulher.
Auge.
Drake estava certo.
"Sei que Héstia os mandou aqui. Não adianta, eu não voltarei a trabalhar enquanto elas não forem mortas" Ela disse, sua voz entrecortada sendo repentinamente oculta por uma rizada estridente e pavorosa.
A hora, ou seja lá o que fosse a moça, explodiu em um clarão, apenas para revelar três dracaenaes.
"Ótimo." Raven pensou. "Como se já não bastasse correr atrás de 12 horas mitológicas, agora temos de lutar por elas."
A primeira dracaena avançou, e a garota agradeceu aos céus por estar carregando sua espada.
Raven investiu contra o abdome do monstro, rezando para ter acertado.

Post nº 4

Raven sentiu o alívio lhe tomar o corpo ao ver que conseguira acertar a dracaena.
Embora se esforçasse ao máximo, a criatura era muito mais rápida que ela, e desviava facilmente de seus golpes.
A garota continuou as investidas, contra a cauda, os braços e até mesmo a cabeça do monstro. Nenhum treio poderia a ter preparado para aquilo.
Não importa quantas flechas ela acertasse no alvo, quantos bonecos despedaçasse ou quantas espadas usasse, era muito diferente lutar ao vivo e a cores com algo que fazia o mesmo esforço que você para matá-lo.
Raven resolveu olhar de relance para Drake, precisava checá-lo ou a crecente urguência que sentia a consumiria.
Sabia que para ele toda aquela experiência seria muito diferente, e as dúvidas que tinha se confirmaram quando viu a outra mulher-cobra atacar seu irmão.
Precisava ajudá-lo.
E tinha que ser agora.
Com toda a agilidade que conseguiu, a semideusa atacou o pescoço da dracaena, e desejando que a criatura se tornasse poeira dourada.

Post nº 5

O alívio que a semideusa sentiu ao ver as quatro dracaenaes virarem pó dourado era impossível de se descrever.
Auge, que surgira tão repentinamente quanto se fora, agora sorria para eles, um misto de gratidão, satisfação e algo a mais, que Raven não conseguia identificar.
"Vocês são corajosos, fizeram algo que eu não tive coragem de fazer. Obrigado, se verem Héstia diga que voltarei a trabalhar." A primeira hora disse, desparecendo novamente.
A garota correu ao encontro do irmão, checando se ele não havia nenhum machucado.
Pouco se importava com o que ela própria sentia, Drake era quem deveria estar bem. Sua vida não valia de nada, mas a dele... A dele sim.
Ele merecia viver.
"Você está bem?" Perguntou "Se feriu? Me diga que não por favor."
A preocupação era evidente em seu tom de voz.
Ela o abraçou, querendo desesperadamente concluir o que tinham começado naquela mesma praia dias antes, mas sem a coragem de fazê-lo.
Droga, como odiava aquele sentimento enrustido dentro de sim. Como queria que ele fosse embora, sumisse assim como Auge tanto fazia, mas acima disso, como ela queria aproveitar cada minucioso pedaço dele. Deliciar-se nas emoções que nunca antes tivera.
Começara a fantasiar com aquilo quando a culpa lhe atingiu como uma pancada. A realidade voltando ao primeiro plano de sua mente.
11 horas agora faltavam. 11 horas para aquilo acabar e eles poderem resolver aquilo que ninguém sabia o que era.
Raven sentou-se na areia fofa da praia, puxando o livro que Héstia lhes dera do bolso, e fazendo com que Drake ficasse ao seu lado.
"Anatólia, a alvorada." Ela disse, começando a ler a história da segunda hora em voz alta. Quando acabou, virou-se para o irmão. "Então, navegador, pra onde devemos ir?"